Praça de touros
As polémicas urbanísticas em Cascais sucederam-se durante o último ano e não dão sinais de abrandamento. Um dos casos mais recentes é o da praça de touros, um megaprojecto imobiliário que prevê a reconversão da zona da Monumental de Cascais, com 33 mil metros quadrados de construção, dos quais dez mil metros de grandes-superfícies comerciais, outro tanto de pequeno comércio e um impacte fortíssimo sobre o Bairro do Rosário.
Este projecto tem levantado oposição entre os próprios deputados do PS à Assembleia Municipal e está agora a ser atacado por um conjunto de personalidades cascaenses – entre as quais Rui Gomes da Silva e Marcelo Rebelo de Sousa –, que pretendem levar o caso a tribunal, por alegadas irregularidades no seu processo de aprovação.
O processo da praça de touros também não é visto com bons olhos dentro do Governo. Como O Independente noticiou, o Ministério do Ambiente, cujo parecer é exigido para a ratificação do plano de pormenor, já fez saber que não está disposto a dar o seu aval a um projecto que desrespeita as normas urbanísticas.
A reconversão da Monumental de Cascais conta, porém, com o empenhamento pessoal do próprio José Luís Judas. Os terrenos da praça de touros e zona envolvente foram vendidos por 3,5 milhões de contos à sociedade imobiliária TDF, detida pelo empresário Manuel Damásio e pela construtora Teixeira Duarte, com a conivência do presidente da câmara, que enviou à Assembleia Municipal uma carta na qual afirma que o empreendimento “é a garantia dos direitos de construção que serviram à Santa Casa da Misericórdia de Cascais para negociar com a sociedade TDF a venda” da praça de touros.
O objectivo de Judas é sanear os problemas financeiros da Misericórdia de Cascais, cujas contas apresentam um défice de quase quatro milhões de contos. O certo é que a viabilidade do projecto está posta em causa e o elevado preço pago pelos terrenos, com o aval de Judas, dificilmente se justifica, a não ser face à sua rendibilização nos termos previstos.
A queda da estrutura ocorreu a 3 de Outubro de 2006, depois de naquele local ter tido lugar a habitual feira quinzenal. A feira foi transferida em Setembro para um recinto na Adroana, na freguesia de Alcabideche, de acordo com a Câmara Municipal de Cascais.
A zona ocupada actualmente pela praça de touros dará lugar a edifícios ocupados essencialmente por residências assistidas para idosos e uma área comercial "residual", segundo a câmara.